Se arrumava, se arrumou. Mas isso não adiantou muito, porque no fundo, bem no fundo ali não tinha ninguém. Talvez, nunca houve alguém. Se arrumou, porque a ocasião pedia, não porque ela precisava ou queria. Não havia ninguém, de novo. De novo, e de novo. Ela era do lado das cervejas, e não das queridas vodcas. Embora, não dispensasse ela. A vodca. Os cigarros... Ah! Os cigarros. Tentava se afastar, a consciência pesava. Mas não tinha motivos, eu acho. Antes fazer, do que passar a vida inteira com a grande questão: Como poderia ter sido? Melhor ou não? Aqueles momentos, em que não sabemos sentir. Pois não sabemos se estamos sentindo, aqueles negócio estranho que você ainda não consegue distinguir, o que você sente e o que você quer sentir. A ilusão. Confusões, são tão...tão confusas.
Com uma da mãos fazia os gesto enquanto falava, e isso já fazia parte dela. Não era mania. Com a outra, segura o copo de cerveja, juntamente com o cigarro. Mas um cigarro. Ela estava começando a ficar forte demais para as bebida, e para ela isso não era muito bom. Pior, só constatava que ela andava bebendo demais. Mais que demais. Ignorava, grande parte das pessoas, mas não conseguiu fazer isso por uma noite toda. Precisava se comportar, mas caiu em tentação. Talvez esteja exagerando um pouco, talvez. Naquele momento - ela esperava, que fosse somente naquele momento. Ele a tirou do chão, e por um minuto a fez viajar. Mas o tempo, a vida, a deixou um tanto esperta. Pois sem nada ele pronunciar, sabia que aquilo não passaria da li. E não compensava, depositar toda sua energia e um desejo que não passaria de uma noite.
Ninguém falou, ninguém precisou falar. Ela sentiu. Tão complicado e ao mesmo tempo, tão simples. Ao decorrer da madrugada, energéticos e mais energéticos. Bebeu o suficiente, para ficar acordada por semanas. Ao chegar em casa, com aquele cheiro nada agradável de cigarros e bebidas, se sentiu mais uma vez sozinha. Mas ela era culpada, pois quem gostava dela, o que ela realmente era. Ela não se importava. As olheiras eram amigas, companheiras. Mas dessa vez, elas ocuparam espaços demais. Os pensamentos confusos, não abandonariam ela nesse momento. Eles quase nunca abandonam. Passou horas, com os olhos vidrados na tela de luz forte do computador, como se estivesse lendo o texto que ocupava a tela. Mas não, ela não lia e não via nada naquele momento, apenas ouvia aqueles pensamentos. Se deitou, na frustrada esperança de dormir. Realmente, literalmente frustrada. Quase amanhecendo, recebeu um mensagem de alguém que ela achava e acha, que se importa. Talvez, mesmo não se importando. Minutos depois, o telefone tocou. Tem vozes que são acalmantes. E nos silêncios tanto quanto longos, ela percebia que aquela madrugada não foi perdida. Esperança. Esperança, seria um palavra que a resumiria no momento. Agora quase amanhecendo, melhor, já tinha amanhecido. Novos pensamentos a consumiam, confusos também, porém, mais agradáveis. Agradável. Passada de 27 horas, que ela não dormia. E agora ela, quer sentir mais uma vez. Mais uma vez aquele silêncio, intercalado por aquela voz. A voz.
Stephanie Alcântara de Souza.